quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Natal sem Natália

Natal para mim, e acredito para meus filhos não é apenas o nascimento de Jesus Cristo, momento de renovação, de troca de presentes, de confraternizações. Natal para mim desde muito pequena – porque eu já fui menor, é o aniversário de minha mãe, daí bem lógico o nome: Maria Natália. Quando me tornei uma adolescente à data era um empecilho para não passar esta festividade em outro local que não fosse minha casa! Ano Novo tudo bem, agora o período natalino era sagrado, impossível até pensar em fazer algo diferente. Deus me livre!!
Os meus últimos cinco Natais tem sido difíceis, pois ela minha mãe não está mais neste mundo – quer dizer entre nós, pois ela foi uma católica apostólica romana bem interessante! Para dona Natália a pós-morte só seria real quando alguém conhecido partisse desta para outra dita melhor vida e retornasse dizendo que ela existia mesmo! E, já citava São Tomé: - Só acredito no que estes olhos veem...
Minha mãe não me ensinou a ser uma mulher muito delicada, na verdade ela detestava meninas muito “iiinhas” como dizia. E quando eu chorava por algo: - Oh coitada vai ficar velha logo, cheia de rugas. Quando eu sorria demais: - A Maria escandalosa chegará à adolescência igual uma velha de 40 anos... Lição oculta: nada em excesso faz bem! Entretanto, em não tenho tantas rugas assim.
Meu pai, seu Virgínio, me ensinou a ser uma sonhadora. Ele me fez acreditar que tudo era possível, que a espiritualidade era fundamental para qualquer ser humano, não importando a religião, mas foi o realismo de minha mãe - não pessimismo como meu pai sempre retrucava – que me salvou de muitas situações profissionais e pessoais! “Fica aí sonhando acordada e não vai trabalhar não para ver o que acontece”! Lição oculta: sonhar é necessário, mas realizar é fundamental!
Quando eu comecei a namorar dona Natália me acordou para vida – palavras dela mesma. “O amor bom é aquele que sentimos por nós mesmos. Primeiro nos amamos, depois - bem depois vem o outro – no caso o homem”! Lição oculta: autoestima. Se você não se ama quem vai te amar?! No quesito amor eu realmente tinha muitas dúvidas se ela amava meu pai, fator básico para um casamento, dizem por aí. Caí na besteira de perguntar isto a ela e a resposta foi maravilhosa: Eu gosto primeiro de mim, e não é todo dia que me gosto, quem dirá dos outros... Lição oculta: não descobri até hoje...
Parece que por tudo que citei acima que minha mãe era uma mulher muito dura, insensível. Neste momento eu a defendo. Não, mesmo!!! Minha mãe tinha fama de não gostar de crianças. Ela não era de fazer muito obâ, obâ mesmo. Tinha uma cara naturalmente fechada como se estivesse o tempo todo brava com o mundo. Quem convivia com ela sabia que não era nada disto. Dona Natália era bem engraçada, sabe aquela pessoa que dá risadas nos momentos mais assustadores do filme?! Esta era minha mãe. Um dia perguntei por que não tinha irmãos e ela explicou a complexidade da vida. “Veja sê sou doida de ficar colocando filho no mundo, quase não dou conta de cuidar de uma. Parir é fácil, eu quero ver é cuidar, colocar gente boa no mundo”. Lição oculta: amor incondicional de mãe é isto!!
Quando fiquei grávida aos 19 anos, bem tarde para os padrões nortistas, contei a novidade primeiro para meu pai no jornalismo, professor Antônio Queiroz – editor chefe do jornal O Estadão do Norte, que logicamente me aconselhou a falar imediatamente para meus pais – depois de apontar o lado bom da maternidade: “vais ficar com um corpo mais bonito rapariga e levar a vida muito à sério”!! 
Meu pai “modernoso” para quem teve apenas uma filha na vida ficou mais feliz que decepcionado e só disse: “E agora Viviane como iremos falar isto com sua mãe!?!”. Realmente não foi a conversa mais fácil que tivemos... Foi também uma das poucas vezes que vi minha mãe chorar, afinal lágrimas demais era sinal de ser uma manteiga derretida. Para ela foi um baque grande, não por fazer planos de me ver casando de véu e grinalda em uma igreja como manda o figurino, e sim por ter sido abandonada pelo noivo quando ficou grávida mais ou menos na mesma idade que eu. Os tempos eram outros, né. Eu não pensei em casar, tinha começado a trabalhar em um jornal e era a independência em pessoa! A minha despreocupação foi a pior coisa. “Que tipo de mulher eu criei que não pensa no futuro do próprio filho?!” – emendando – “como aprendi com seu avô” – pois minha avó falecera quando ela tinha 10 anos: “quem pariu Mateus que balance!”.
Na década de 60, no interior do interior de Minas Gerais o status de mãe solteira era quase como ser “mulher da vida”, então meu avô Petronilho ficou toda a gestação sem olhar para filha mais nova. E, por incrível que possa parecer, minha mãe gostaria que meu tivesse demonstrado um pouco de indignação. Como não era da índole dele ela já disparou: “pior coisa que tem é uma pessoa sem vergonha na cara!”. Apesar da situação constrangedora para o mundo em que ela ainda vivia, minha mãe foi uma avó muito presente, protetora e falou comigo todos os dias da gravidez.
Dona Natália tinha uma excelente memória lembrava até a temperatura de algum momento vivido e principalmente se tinha sido bom ou ruim. “Eu esquecer nunca nesta vida!”. A afirmação tinha peso dobrado para boas ações. Cresci a ouvindo dizer: “ingratidão é o pior defeito de um ser humano”. “Aiaiai rainha – a rainha era eu, sê não tem gratidão com os pais que te alimentam terás com quem”?! Lição oculta: até alguns bichos são mais gratos que o ser humano.
Minha mãe tinha um senso de justiça extraordinário e dolorido para mim muitas vezes... Sê tivesse um desentendimento na escola com alguma colega e a errada fosse eu, não precisava contar com ela para passar a mãe na minha cabeça. “Você pode ter saído de dentro de mim, eu amo você, mas se fizer coisa errada vai arcar com as consequências. Eu não coloquei filha neste mundo para ser mau caráter”.  E foi como aconteceu em muitos momentos. Errei e não recebi dela apoio nenhum, fui injustiçada e tive uma fera para me defender!
Meu Natal deste ano pode não ter o mesmo gosto dos demais, como tem sido desde sua morte. Mesmo assim acredito que ela deve estar orgulhosa e cuidando de mim e meus filhos á distância – naquela vida que ela dizia não acreditar. Aqui tem algo incrível – por ser kardecista e muito espiritualizada, acredito mesmo. Durante mais de três meses após a morte de dona Natália, meu filho menor Vinycius com quatro anos dizia o tempo todo: “porque vocês não falam com minha avó, ela tá aqui sentada no sofá olhando para gente” ou “minha avó falou para mim “pão branco, pão branco vai dormir logo que minha paciência tá acabando e criança boa e criança que dorme à tarde”“...
Minha mãe foi uma mineirinha de Montes Claros, norte de Minas Gerais, de muita Até porque palavra, que prometeu ao meu marido – o mesmo com que eu não quis casar aos 19 anos, “sempre estarei por perto te vigiando”! Ele a conheceu suficiente para saber que é verdade. Então, meu Natal de 2013 sem dona Natália continua sendo em casa por uma questão de respeito. Lição aprendida!




domingo, 15 de dezembro de 2013

O Plano Nacional de Educação que não Educa!

Depois de duas horas de discussão, o Senado adiou pela segunda vez no mês de dezembro, para a próxima terça-feira (17) a votação do PNE (Plano Nacional de Educação), que estabelece metas para o setor na próxima década. Numa ação articulada pelo Palácio do Planalto, senadores governistas vão tentar aprovar texto que retira trechos incluídos pelo PSDB na versão final do PNE.

Rolou de tudo nesta última semana. A votação deveria ter acontecido no último dia 11, mas com a morte de Mandela que lutou contra o Apartheid e pela igualdade na educação dos jovens africanos, nossos senadores aproveitaram a coincidência – esta da educação – para adiar algo que só tem interesses políticos: quem será o pai do PNE que deveria estar em vigor desde 2011. O texto que está em jogo foi aprovado em 27 de novembro deste ano pela Comissão de Educação da Casa e de lá pra cá, quase nada mudou.

Os pontos mais polêmicos são os que envolvem financiamento e responsabilização da União diante do não cumprimento de metas estabelecidas pelo programa nos Estados. O texto do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), relator do PNE na Comissão da Educação (CE), prevê maior responsabilidade do governo e limita investimentos em educação pública - deixando fora da conta às parcerias do governo com instituições privadas, como por meio do ProUni. Prestem atenção nesta palavra: limita!
Na verdade, a Educação nunca foi e talvez nunca seja um dia prioridade para o País do Futebol, do Carnaval e da Corrupção descarada. Sejamos sinceros, sem preconceitos, elegemos um presidente que por mais inteligente que fosse só tinha o ensino médio, feito no sistema de supletivo. Hoje este ex-presidente, ainda esta semana disse em entrevista que não dá para ser demagogo e comparar a construção de hospitais com estádios?!?!? Simples e direto assim, como Lula sempre foi para conquistar milhões de brasileiros semianalfabetos, ou analfabetos funcionais que votaram nele, ou mesmo os ditos “estudados” que se renderam ao carisma do ex-metalúrgico que venceu barreiras e tudo mais e chegou lá... Lá – entenda-se bem longe do povo que o elegeu que não tem e nunca terá o patrimônio e o poder político que ele conquistou em oito anos com presidente e mais 20 anos como sindicalista. Ah, eles também não receberão diplomas de Doutores por serviços prestados à nação!
Para quê fingir que os senadores se importam com as 20 metas do PNE – que são baseadas nas ações que deram certo nos países europeus e é claro nos Estados Unidos, sê apenas a Meta 5 – já desperta interesses nada louváveis. A referida meta estabelece uma idade máxima para a alfabetização de todas as crianças. O texto da CE reduziu a previsão fixada nos relatórios anteriores e prevê que a alfabetização deve acontecer até os sete anos ou até o 2º ano do ensino fundamental a partir do segundo ano de vigência do PNE, e até os seis anos ou até o 1º ano do ensino fundamental a partir do quinto ano do plano.
Parece uma excelente iniciativa para aqueles que não sabem que a taxa de analfabetismo no Brasil parou de cair, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada em agosto deste ano. Em 2012, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi estimada em 8,7%, o que correspondeu ao contingente de 13,2 milhões de analfabetos. Em 2011, essa taxa foi de 8,6% e o contingente foi de 12,9 milhões de pessoas. Detalhe importante que o atual governo não divulga, esta foi à primeira vez que a taxa de analfabetismo aumentou em 15 anos. A última vez que o índice subiu em relação ao ano anterior foi em 1997.

Sério que no Brasil, onde é mais importante construir e reformar estádios a preço de ouro, pela emergência e tudo mais, está preocupado com a educação de seus cidadãos?! Fica bem difícil mesmo para um professor que recebe o pior dos salários, manter em sala de aulas crianças que presenciam jogadores de futebol adolescente se tornar milionários, assim como funkeiros, subcelebridades de reality e por que não presidente da República, sem ter que ficar “perdendo” tempo em banco de escola!

Não, não, realmente para quê PNE se a Educação não é prioridade e nunca será no Brasil! Mesmo assim é importante que saibamos o que estão planejando para a educação futura de nossos filhos, ainda que ela não saia do papel. Confiram abaixo:



O QUE FOI APROVADO NA CE O QUE O GOVERNO QUER
META 20 A CE retomou o texto da Câmara, que previa investimento público em educação pública até alcançar 10% do PIB. A redação, porém, permite que o governo coloque na conta os gastos com o Fies e o Prouni. O governo quer que os 10% do PIB sejam ser de investimento público em educação – e não apenas em educação pública, o que amplia as possibilidades de investimento da União.
CAQi O relatório garante que a União complemente os recursos, casos Estados e municípios não consigam alcançar os investimentos estabelecidos pelo CAQi. Há ainda um prazo de dois anos para a implementação de um padrão mínimo de qualidade O governo quer que sejam criados padrões para a definição do CAQi, mas retira a necessidade de complementação de investimento da União e o prazo de dois anos.
META 5 Prevê que a alfabetização deve acontecer até os 7 anos ou até o 2º ano do ensino fundamental a partir do segundo ano de vigência do PNE, e até os 6 anos ou até o 1º ano do ensino fundamental a partir do quinto ano do plano. Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até os oito anos, durante os primeiros cinco anos de vigência do plano; até os sete anos de idade, do sexto ao nono ano de vigência do plano; e até o final dos seis anos de idade, a partir do décimo ano de vigência do plano.
META 11 Triplicar as vagas do ensino técnico, garantindo 50% da expansão no segmento público. Triplicar as vagas do ensino técnico, de forma que 50% das novas matrículas sejam gratuitas.
META 12 Eleva a taxa bruta de matrícula no ensino superior, sendo que 40% das novas vagas sejam no segmento público. Eleva a taxa bruta de matrícula no ensino superior, de forma a garantir a qualidade da oferta.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Violência sexual que invade nossos lares – E quando ela começa em casa?!?!?

Nesta quarta-feira fui surpreendida com dois posts no meu mundo Facebook: um do El País com a história de uma menina de 12 anos vítima de um especialista em informática de 57 anos, que ela achava ter apenas 17. O contato começou via MSM e culminou com idas para motel, onde o agressor ficava no escuro para não ser identificado, com beijos e terminou depois de algumas semanas no ato sexual. Depois que a vítima descobriu quem era o “namorado virtual”, ele a chantageou com vídeos e material que crackeava – o termo hacker – é apenas para invasão de arquivos sem roubos ou alteração de dados, durante os seis meses de contato. Já fiquei abismada.
Horas depois vejo a indicação do livro Não conte para mamãe! – Diário de uma infância perdida, da inglesa Toni Maguire. Ela relata os abusos sexuais cometidos pelo próprio pai dos sete aos 12 anos. Nesta idade ela fica grávida conta ao médico da família que nunca dormira com ninguém a não ser seu pai. O mesmo a obriga a fazer um aborto. O procedimento que a impediu pelo resto da vida de ser mãe a libertou do flagelo com a prisão do pai por três anos. A reação da mãe dela é o que há de mais interessante – não encontro palavra exata para isto! Ela disse que sempre soube do que acontecia e não acompanhou ou ajudou a filha em nenhum momento das internações decorrentes do aborto.
Fui pesquisar sobre este tema porque seria impossível não falar dele esta semana e descobri que 200 milhões de crianças foram vítimas de violência sexual no mundo, segundo um relatório do Plano Internacional, organização não governamental que propõe uma maior ação dos governos e da sociedade civil para erradicar este problema. Com base nos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a organização afirma ainda que "quase metade de todas as agressões sexuais são cometidas contra meninas menores de 16 anos". Entre 500 milhões e 1,5 bilhão de meninos e meninas sofrem algum tipo de violência a cada ano, indica o estudo da ONG presente em 70 países. Pior, muito pior e constatar na mesma fonte que pelo menos 246 milhões de crianças sofrem violência sexual nas escolas a cada ano, segundo os cálculos da organização, por isto o título o relatório é o Direito das meninas e meninos de aprenderem!
Tentei recordar de parte da minha infância em Goiânia (GO) e em Porto Velho (RO) casos de violência sexual e realmente não me lembrei de nenhum. Isto não quer dizer que não existissem há três décadas. O que veio a mente foram comentários de minha mãe com amigas do tipo: “Não deixo o pai de fulana dar banho nela de jeito nenhum, porque homem é homem e o diabo atenta” ou “meu marido é muito bom, mas com três meninas em casa é melhor não facilitar”.
Buscando um pouco mais longe veremos que os casos de meninas e adolescentes sequestradas, violentadas por 20 e até 30 anos em vários países, descobertos nos últimos anos sempre aconteceu. O livro que citei acima mesmo é um relato da autora na década de 50! Não sou a última das conservadoras, no entanto, admitamos - principalmente no Brasil não se encontra meninas ou mesmo meninos de oito anos vestidos conforme sua idade! No auge do sucesso do grupo baiano é o Chan com suas danças pra lá de sensuais o que mais se via eram meninas vestidas iguais às bailarinas do grupo! Claro que a violência sexual em menores não acontece simplesmente porque as meninas de hoje são moças e mulheres no vestir. Até porque pais, vizinhos, amigos e outros que cometem estes crimes são doentes que o fariam mesmo que elas estivessem de burca. Exemplo infeliz ou não, quem diria na vida que uma personalidade como a Xuxa foi vítima de violência sexual quando criança?! E pior o abuso cometido por um conhecido de seu pai de carreira militar?! E os crimes sexuais cometidos por padres, pastores...
Quando minha família e eu nos mudamos a trabalho para Altamira (PA) pesquisei sobre a cidade é a primeira informação que o Google me deu foram os casos de sequestro de meninos de 8 a 14 anos, entre 1989 e 1993 que também foram abusados sexualmente, castrados e mortos em rituais de magia negra! No primeiro momento pensei – não eu realmente não levarei meu filho para esta região! A questão é que esses tipos de crime acontecem e estão acontecendo neste momento em que escrevo este artigo, nos lares, igrejas e nas escolas onde estas crianças deveriam receber carinho e proteção!
Graças a Deus esta violência não fez parte da minha infância e nem de pessoas com quem convivi. Esta constatação me traz tranquilidade?! De jeito nenhum. Tenho um casal de filhos e em muitos momentos meu coração disparou por ter visto um olhar que considerei improprio, ou mesmo um gesto vindo de algum amigo ou familiar! Aí nestas horas eu sofro mais, afinal se não me controlar passarei o resto da vida temendo ou vendo atitudes suspeitas de todos que nos cercam!
Sinto calafrios também quando penso e me preparo para falar sobre esta questão com meu filho de oito anos – em casa, com amigos, parentes ele já foi orientado o que podem e não devem jamais fazer com o corpo dele ou obriga-lo ou pedir fazer neles; agora tenho que utilizar o mesmo discurso para preveni-lo no local que deve ser seu segundo lar: o colégio! Dai-me sabedoria senhor para que a doença que infesta à mente de uns se torne o meu martírio e meu filho se torne uma criança temorosa de tudo e todos. O que não posso e ficar sem fazer nada e vocês?!

Meninos com idades entre oito e 14 anos foram sequestrados, castrados e mortos em Altamira (777 km de Belém, PA), entre 1989 e 1993. De acordo com o Ministério Público, os crimes ocorreram em rituais de magia negra.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Energia Solar no País do Sol

Neste mês, Trinta e uma empresas participaram do primeiro leilão de energia solar no Brasil que tem potencial enorme nessa área, apesar de atualmente apenas 34 usinas aproveitarem o calor do sol. Em nenhum outro lugar do mundo o sol aparece de forma tão generosa quanto aqui. Não somos somente o País do futebol, somos da energia solar, ou melhor, deveríamos ser!

A maior Região de incidência é uma parte do Nordeste, mas nas demais regiões o sol também é intenso, falta apenas transformar esse potencial em energia elétrica. Outros países que não tem nosso potencial já deram a largada faz tempo. A Alemanha tem a metade do sol do Brasil e ainda assim a energia solar abastece o equivalente a oito milhões de residências. No País, segundo a Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica, existem apenas 34 usinas solares com capacidade para abastecer 1,5 mil residências.

E nos prédios públicos então, onde o desperdício de energia elétrica é vergonhoso o primeiro prédio a receber um telhado solar foi a Biblioteca estadual do Rio de Janeiro, que assim como os estádios do Mineirão, em Belo Horizonte, e Pituaçu, em Salvador, ainda não foi registrada na Aneel.

O motivo para a ausência de residências com placas solares, mesmos as particulares ou de conjuntos habitacionais populares é o ainda alto custo do material. Lá fora é muito mais em conta ter uma casa movida a energia solar, por aqui é artigo de luxo. A Caixa Econômica Federal com recursos do PAR – Programa de Arrendamento Residencial construiu um residencial com 115 casas no município de Birigui (SP) com coletores solares de banho pelo custo de 3,2 milhões de reais. Mas este sistema sustentável só garante o aquecimento da água para o banheiro, substituindo o uso do chuveiro, não é o que fornece energia elétrica para toda casa.

O Prodeem – Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios criado pelo governo federal há quase 20 anos é responsável pela instalação do sistema de placas solares fotovoltaicas nos locais, aonde a energia elétrica não chega. Seus benefícios são inúmeros e fundamentais para a integração econômica e social, uma vez que, leva energia às escolas, possibilitando iluminação de boa qualidade, criando cursos noturnos e fazendo uso de televisores, antena parabólica; faz o bombeamento de água, gerando saúde e melhor qualidade de vida; cria hortas comunitárias e diminui a carência alimentar; conservam, em refrigeradores, remédios e vacinas dos postos de saúde... Um trabalho social junto às comunidades, no caso do Norte, da população ribeirinha que tive a oportunidade de acompanhar e produzir reportagens incríveis.

Vamos dizer que hoje, o Prodeem é o primo pobre do Luz para Todos, apesar de somente 55% domicílios rurais e 27% das propriedades rurais terem acesso à energia elétrica, o que corresponde a mais de 20 milhões de habitantes e quatro milhões de propriedades agrícolas são desassistidas de rede elétrica convencional. Por isso, o leilão deste mês tem uma importância enorme para os brasileiros.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim afirmou que o governo avalia duas soluções para a entrada da energia solar na matriz energética. A primeira seria a redução dos preços da fonte no mercado e a segunda a possibilidade de realizar de realizar um leilão específico para a solar, nos mesmos moldes que foi o da eólica, anos atrás. Segundo ele, essa decisão ainda não foi tomada, pois estão sendo feitos estudos para que se possa chegar a esta decisão, ainda para o ano que vem.
O problema é que como sempre acontece no País do futebol, do mensalão, da Copa 2014, é que a demora em resolver esta situação só está gerando o aumento dos valores dos painéis de energia solar. E qual tem sido a alternativa para quem tem um pouco mais de dinheiro: comprar placas produzidas pelos chineses, que não perdem tempo mesmo, apesar de não certificarem o produto que tem um prazo de validade de 15 anos!

O valor de uma residência de dois quartos, sala, cozinha, banheiro, varanda e área de serviço com painéis solares fotovoltaico custam em média 360 mil reais, quando o valor de uma casa com energia elétrica é a metade do preço em qualquer cidade brasileira. Vamos aguardar que a energia solar integre a matriz energética e complemente a geração da energia produzida pelas hidrelétricas e que ela chegue a todas as residências, porque o sol, dizem, nasce para todos!






sexta-feira, 15 de novembro de 2013

PAC meu novo amor!

Estou de amor novo, sério, estou terrivelmente apaixonada. O dono de meu coração chagásico: o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Impossível não ficar apaixonada por ele à primeira vista. Tem uma aparência incrível, esbanja saúde, sonhos audaciosos para o futuro – então como não cair de amores?! Sério. Quem já teve a curiosidade ou necessidade de visitar o site do PAC ficará também e não adianta ninguém dizer que ele não é bem do jeito que eu imagino que as aparências enganam que primeiro amor é assim mesmo...
SQN – como dizem meus filhos: Só que não, né?! Para escrever este artigo fui à fonte, portal do Governo Federal– bendita Transparência – e fiquei deslumbrada com a apresentação do PAC. Quero aproveitar e parabenizar a equipe do Decom – Departamento de Comunicação do Governo Federal e todas as empresas terceirizadas de propaganda e marketing, contratadas para fazer este trabalho. Muito convincente. A única falha são os dados fornecidos para alguém que estiver disposto como eu estive para confrontar dados entre alguns estados; e principalmente ter morado em alguns deles onde grande parte dos recursos do PAC I e II está sendo aplicados, ou pior, deveriam ter sido!
Vamos recordar a história deste programa, porque como todo brasileiro, minha memória política é incrivelmente falha. “Criado em 2007, no segundo mandato do presidente Lula (2007-2010), o Programa de Aceleração do Crescimento promoveu a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentável”. As aspas são para identificar a fonte, o próprio site do PAC: http://www.pac.gov.br
Em Rondônia, uma das maiores obras do PAC I foi à construção do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira: usinas Santo Antônio e Jirau; antes destas que já estão gerando energia elétrica para o restante do País, deveriam ter sido viabilizadas algumas obras de infraestrutura básica para aguentar o “boom” migratório provocado pelo empreendimento. Isto não aconteceu e até hoje existem obras na capital, Porto Velho, paradas com problemas de licitação, e, sim estou falando dos viadutos, prezado rondoniense!
Aqui não tem como deixar de explicar para o leitor de outros estados o excesso de ironia. Os viadutos de Porto Velho que deveriam melhorar o trânsito viraram uma piada de mau gosto, pois um dos três em construção está errado! Bem assim até meu filho de oito anos percebeu um dia ao passarmos por perto que a dita obra estava muito estranha...
Somente em Porto Velho em 2008, 86% da população de quase 500 mil habitantes não recebia água tratada e saneamento básico em suas residências. Em 2013 quase nada mudou, sabem por quê?! Muitas estão em andamento ainda. Para entender mais fácil veja o quadro abaixo.
Obras de Saneamento – PAC Porto Velho Porto Velho
Rondônia 30 concluídas 13 em obras 03 concluídas

Sei lá, parece que ter um prefeito do mesmo partido da presidenta da República neste período não foi muita vantagem para nós da população. Vá lá entender os motivos. Os recursos vieram, voltaram, vieram foram aplicados ou não e nada de diminuir o índice citado.
Agora vamos falar do Pará, precisamente de Altamira onde estou no momento e também está em construção o maior empreendimento do PAC II, a usina Belo Monte. Os moradores de Altamira, uma cidade de 102 anos, contra os 99 de Porto Velho, vivem uma experiência diferente. Após dois anos do início das obras da usina, os problemas de saneamento básico e da água tratada estão sendo resolvidos de maneira ágil e eficiente. E, olha que o município é o maior em extensão territorial do mundo! A questão da mobilidade é um problema para ser revolvido ainda, no entanto a cidade que tinha apenas um semáforo em 2011, na principal avenida tem mais oito hoje. Vias novas foram construídas para dar vazão ao crescente trânsito ocasionado pelos mais de 20 mil trabalhadores da segunda maior usina em construção do mundo e a pavimentação asfáltica ou de blocos cobre a maior parte dos bairros.
Claro que a perfeição não pertence aos humanos, por isso tem muito a ser feito, e é fantástico e lamentável ver que o partido da ex-prefeita de Altamira não era o mesmo da presidenta Dilma. Calma, não estou achacando nenhum partido - constato um fato. E saibam mais, sabem nada do que foi citado acima contou com verbas do PAC! Quer dizer diretamente na planilha do programa. As benfeitorias fazem parte das inúmeras compensações obrigatórias da usina. Do PAC II, existem 172 obras de saneamento direcionadas para o Pará, 87 em andamento e 37 concluídas. Nenhuma delas em Altamira. Porto Velho não recebeu estas mesmas compensações?! Recebeu sim. O que foi feito. SDS. Só Deus sabe!
A conclusão a que qualquer um pode chegar é que não adianta ter milhões em recursos se não houver boa gestão deles. E olha que disse gestão e não má fé, furto de erário público, conflito de interesses políticos e empresariais...
Assim depois de alguns momentos de euforia, como acontece sempre em qualquer relação meu amor ao PAC mingou. Afinal ele depende de muita gente para dar certo e todos sabem que uma relação que começa com muitos nunca dá certo. Como diziam antigamente: bonitinho, mas ordinário! Não tem amor que dure!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Só sentimos falta da energia quando a fonte seca. Mais ou menos assim!

O provérbio parafraseado no título é: “Só percebemos o valor da água quando a fonte seca”. Pena que no Brasil não é assim. A presidente Dilma no final de 2012 afirmou que não havia risco de racionamento de energia elétrica, apesar dos frequentes “apagões” no Nordeste e Sudeste.



Em tese, ela que é uma das maiores especialistas do setor elétrico brasileiro, inclusive integrou a equipe que em 2001 formulou o Plano Energético para o Brasil durante o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não cometeu nenhum equívoco. Afinal, a presidente deveria ter em mãos documentos de órgãos competentes como o ANEEL, a EPE – Empresa de Pesquisa Energética, o próprio CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, o ONS - Operador Nacional do Setor Elétrico, a ANA – Agência Nacional de Águas e muitos outros embasando sua declaração.

Para comprovar e não defender a declaração da presidente Dilma foi um pouquinho mais longe. Caso ela tivesse dúvidas em relação a um provável racionamento não teria anunciado a redução da tarifa de energia para os consumidores em aproximadamente 20%. Porque é bem lógico como reduzir o valor de algo que corre o risco de ser racionado?!
Como explicar agora as reportagens em todos os veículos de comunicação que apontam o baixo nível dos principais reservatórios como ameaça para um desabastecimento de energia. Situação negada na última quarta-feira pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, após a primeira reunião mensal de 2013 do CMSE.

Uma afirmação é correta, o volume anual de chuva é imprevisível tanto aqui quanto no outro lado do mundo. E isto qualquer um pode presenciar todos os dias nos noticiários matutinos. As moças e rapazes do tempo anunciam chuva em uma região e a população espera e nada de chuva. Anunciam céu ensolarado em outra e lá chove torrencialmente. A culpa deve ser com certeza dos meteorologistas – já diz alguém, mas não sejamos tão convictos disto, eles também não controlam o tempo. O único que tem fama de fazer isto, segundo os católicos é São Pedro.

O que é certo para mim é que a maioria dos brasileiros fica extremamente temerosa e inconformada quando o bicho do racionamento elétrico começa a pairar, na verdade a baixar nos reservatórios. Lamentável é não ver nenhum esforço desta mesma população para algo pior do que a falta de energia. O desperdício diário e irrefreável deste produto.

Só sentimos falta da água quando a fonte seca, literalmente. No caso da eletricidade do País, cujo potencial – um determinado público ficará indignado agora, é hídrico, ela ainda não é realmente sentida. Se por acaso fosse não ficaríamos nervosos com o governo por ter que ativar as termelétricas nestes momentos. Elas são abastecidas, em sua maioria, com combustível comprovadamente nocivo ao ambiente e com altíssimo valor para nossos bolsos. E não tem energia alternativa que dê conta de sustentar a demanda energética do País.

Afinal, frase que já repeti muitas vezes em 2012, por qual motivo não aprendemos a economizar o produto final – a energia elétrica que chega as nossas residências, nos shoppings, nas escolas, nas faculdades, nos hospitais públicos e particulares e até mesmo na sede dos poderes legislativos, executivos e judiciários de todos os estados brasileiros?! Como o Brasil pode ser referência mundial em programas de uso eficiente de energia elétrica e uso racional de água se eles não são adotados por todos?!

Bem fácil responder: Só sentimos falta de algo quando sua fonte acaba! E felizmente a nossa principal fonte, invejada por outros que já perderam ou nunca tiveram igual, ainda não acabou. Não afirmo que seja eterna, lembro apenas: ainda não acabou. Temos tempo de aprender a economizar na fonte. Comecemos já acessando o site www.eletrobras.com/procel o mesmo do selo com a carinha simpática em forma de lâmpada fluorescente que as crianças adoram ver quando adquirimos algum aparelho eletrônico ou eletrodoméstico. Ele possui dicas incríveis de uso eficiente de energia elétrica e água que vão muito além daquelas que já decoramos, sem praticar efetivamente.



sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Lembrar e esquecer no momento certo


Não sei quanto a vocês, mas o balanço da minha vida em 2012 está sendo fechado positivamente. Com isto não estou afirmando que realizei tudo que foi prometido em 2011! Neste quesito eu ainda estou em débito comigo mesma e devo permanecer por muito tempo, entretanto conviverei tranquilamente com esta verdade em 2013.
Temos muito a comemorar do ano que se encerra. O julgamento do Mensalão, a condenação dos envolvidos – e não devemos ficar chateados pelo fato das prisões não terem sido efetivadas ainda. O que ocorreu já foi maravilhoso e ficará na história do País, convenhamos.

Muitas personalidades brasileiras faleceram em 2012 e digo personalidades no sentido do dicionário. Aquelas pessoas que levaram o nome do nosso País com respeito para o mundo ver e por aqui mesmo fizeram a diferença: Oscar Niemeyer, Ivan Lessa e Millôr Fernandes, Hebe Camargo, Joelmir Beting, Dom Eugênio Sales...

Houve mortes trágicas e assassinatos inimagináveis em nossa terra e em países vizinhos. E a dor de um grupo foi compartilhada por milhões, mostrando que a humanidade ainda é humana, impossível não fazer o trocadilho!

Finalizo 2012 olhando para uma pessoa de 83 anos, analfabeta – não funcional, porque só aprendeu a assinar o nome e mais nada. Era de uma época em que o ensino, no interior de Goiás, em famílias pobres e não humildes – como é correto falar hoje, não chegava às mulheres. Apenas os filhos homens deveriam aprender a escrever, pois as filhas poderiam utilizar este conhecimento para enviar cartas para namorados. Coisas de outra época bem distante do mundo on line de hoje, onde como pais devemos estar em alerta com as amizades virtuais de nossos filhos nas redes sociais.

Esta senhora de 83 anos possui uma olhar vazio. Hoje ela que aprendeu de ouvir dezenas de orações, rezas e cantigas não lembra quase nada. Da família ela recorda dos 12 netos que conheceu quando a memória era boa. Seus 21 bisnetos são desconhecidos. A maioria ela vê diariamente, outros não, e todos ele sempre pergunta de quem são. Quando explicamos ai ela diz: - ah parece com meu marido Nestor. Ele era meu avô. Faleceu ainda quando meu pai tinha uns 10 anos. Então é algo muito interessante essa menção desta senhora que aprendi a chamar de mãe muito cedo, porque ela assim determinou para todos os netos.

Hoje ela, ou melhor, minha mãe Silvéria padece do mal de Alzheimer, uma doença que atinge segundo estimativas 35, 6 milhões no mundo e um milhão e 200 mil pessoas no Brasil. Olhando para ela na primeira semana do ano optei por fazer do esquecimento minha maior meta em 2013, algo que minha mãe Silvéria faz obrigatoriamente agora.
Começarei esquecendo espontaneamente os momentos ruins, os conflitos, as dores, os ressentimentos que teimam em se manifestar por mais que eu saiba que eles impedem meu crescimento como pessoa.

Finalmente acho que todos deveriam lembrar sim que sempre esquecemos o que acontece de bom em nossas vidas, das boas pessoas, dos pequenos gestos, das pequenas conquistas e tudo o que for mais. Como meu filho aprendeu ainda na creche, hoje estamos U para cima e não U para baixo e isto é tudo o quero para todos em 2013!