domingo, 19 de agosto de 2012

Aquela tal Altamira...



Alta o quê?! Mira de quem?! Ah tá, Altamira aquele local onde está sendo construída a usina Belo Monte. Pois é, quero apresentar para vocês a cidade de Altamira, que até 2009 foi o maior município do mundo em extensão territorial, com seus 159 695,938 km², ultrapassando vários países como Portugal, Islândia, Irlanda, Suiça e outros. Quero ser mais precisa e falar sobre a cidade sede da maior usina em construção do Brasil e a terceira maior do mundo.

Já adianto que sou suspeita para isto, afinal existe o mundo on line que não vai me deixar mentir. Mesmo sendo suspeitíssima para escrever algo sobre qualquer cidade do Norte do Brasil, pois sou uma goianiense cuja família se retirou para Porto Velho, capital de Rondônia, me recuso a ficar calada quando ouço alguma piadinha sobre esta região. Mesmo tendo voltado a residir no Centro-Oeste.

Ouvi muitos comentários depreceativos sobre a cidade de Altamira, muito antes de pisar em seu solo a trabalho. “Nossa você vai aguentar trabalhar naquele fim de mundo, ou dizem que lá tem falta de tudo!”. É certo que desembarquei no pequeno aeroporto de Altamira com os olhos límpidos de vontade de encontrar maravilhas. O censo do IBGE de 2010 registrou 96 mil habitantes no local que está recebendo os trabalhadores do consórcio responsável pela construção da usina Belo Monte e seus terceirizados. É lógico que a região não comportava a demanda populacional que a obra gerou, sei lá que cidade comportaria mais de 26 mil pessoas, no auge da construção?! Agora são pouco mais de 10 mil. Tenta imagina esta quantidade de pessoas nos hotéis de sua cidade, nos hospitais, disputando restaurantes e outros locais de lazer... Pois é, díficil, não é!

As ruas de Altamira são na maioria estreitas com asfalto e bloquete nos bairros centrais; as casas são de arquitetura moderna e antiga, assim mesmo uma do lado da outra, umas pequenas com portas e janelas de madeiras que deixam entrever os ocupantes, afinal estão sempre abertas, no calor de 30 graus, em média, outras grandes de dois pisos. As calçadas são estreitas, no entanto isso não impede que os pedestres caminhem com facilidade e alguns moradores vendam o tradicional tacacá. Todas as vias são identificadas, coisa rara na região Norte. A cidade não comporta transporte coletivo. Até que a prefeitura tentou manter, entretanto não deu certo. O que se vê são os mototáxistas percorrendo a cidade, junto com os taxistas, demais motoristas e os pedestres fazendo caminhada na orla da cidade, apreciando o belíssimo por do sol no rio Xingu.

Sim, existem muitos aspectos negativos básicos no Nordeste e Norte. Muitas ruas dos bairros da periferia não têm asfalto, existe pouco saneamento básico, urubus fazem das lixeiras das casas seus refeitórios e não se assustam com os trauseuntes. Só existe um hospital público para atender a população e agora os trabalhadores da obra. É claro não tem shopping, mais existe um cinema que conserva a arquitetura e instalação antiga casando com a programação dos lançamentos nacionais e internacionais! A questão do saneamento básico deve ser minimizada com os investimentos de contrapartida social da obra, determinados pelo PAC. Uma delas já teve início, a ampliação do hospital para atender o crescente atendimento gerado por mais de um ano e meio de obra da usina Belo Monte.

Enfim, eu gostaria que cada brasileiro que neste momento utiliza o ar condicionado, a iluminação residencial, o aquecedor, a máquina de lavar, a geladeira que desfruta o conforto dos shoppings centers - consumidores de muita energia elétrica oriunda das usinas hidrelétricas, pois poucos empresários no Brasil e do mundo conseguem arcar com os custos da energia solar, pensassem em Altamira com muito respeito! Deste local, isolado de tudo e de muitos benefícios dos grandes centros sairá energia elétrica para garantir eventos como a Copa, as Olímpiadas, o crescimento industrial para manter o nosso País no patamar dos em desenvolvimento e evitar um temeroso apagão! Ou seja, passem a conhecer Altamira antes de suspirar com desdém ao ouvir a menção de seu nome. Por favor, é um convite!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fique à vontade para expressar sua opinião sobre este artigo! Comunicar com Energia é isto: trocar informações, afinal nenhuma pessoa é dona absoluta da verdade.