sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Que não falte energia elétrica para os "ambientalistas"

Antes que eu seja xingada apenas pelo audacioso e petulante título deste artigo devo dizer a meu favor, pois estamos no Brasil é todos tem direito de ter Direito, amo a natureza e sigo todas as orientações e regras para conservá-la. Acho que não sou inconsequente neste quesito, pois meu filho de nove anos é uma das poucas crianças que conheço que dá pulos de alegrias quando vê uma lixeira seletiva, papel utilizado com verso limpo, que prefere assistir documentários da Discovery e matérias do tema ambiental nos noticiários ao Bem 10, mesmo gostando do último porque ele é criança...
Mas, enfim... É isto mesmo. Chegando a Copa de 2014, obras em andamento nas cidades sede do evento – mesmo que em atraso, e fico espantada que os veículos de comunicação de todo o País explorem pouco a questão da demanda energética... Pode existir verba e muita para a Copa, a aquela energia que somente nós brasileiros temos para curtir (desculpem – vício do Facebook) desfrutar carnaval, futebol e demais festas - agora desavisados de plantão sempre: energia elétrica segura, dita verde – ecologicamente correta e incorreta, até temos pero...
Na semana passada um dos muitos especialistas do setor elétrico brasileiro explicou que as altas temperaturas neste início de ano, que proporcionaram aqueles momentos inesquecíveis para quem estava “curtindo” – SOCORRO, desfrutando férias na beira da praia foi a mesma que levaram na sexta-feira passada, às usinas elétricas a bater mais um recorde histórico de produção de energia e trouxeram uma preocupação: o risco de falha nos equipamentos de transmissão e distribuição. Isto é relevante?! Muito para quem gosta de usar ar condicionado, ter luz em casa, geladeira funcionando e ainda não aderiu aos painéis solares! Esta situação de aumento de demanda de energia elétrica pode gerar faltas de luz pontuais e localizadas, segundo avaliação do coordenador do Gesel/UFRJ (Grupo de Estudos do Setor Elétrico/UFRJ), Nivalde de Castro.
Bem descomplicado de entender: o aumento de produção nas usinas hidrelétrica – principalmente, aliado ao aumento do consumo, provoca o calor que "estressa" os equipamentos, que, por sua vez, podem vir a apresentar falhas técnicas pontuais. Assim mesmo hoje em dia até os equipamentos estão no limite! “Na atual situação, o risco de problemas na transmissão ou na distribuição é maior do que o de questões estruturais - a oferta de energia não acompanhar a demanda, por exemplo,”. De acordo ainda com Castro, os reservatórios que abastecem as hidrelétricas estão mais cheios do que em janeiro do ano passado e as usinas térmicas continuam em funcionamento, como forma de manter os níveis dos estoques de água das hidrelétricas.
Vale lembrar que a mesma situação provocou um apagão de 10 dias na Argentina. De acordo com boletim do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) o Brasil bateu seu recorde de geração de energia na semana passada, ao registrar, às 14h39, do dia 10 de janeiro, produção de 79.962 MW, 0,05% mais que a marca anterior, do dia 4 de dezembro.
Na sexta, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste tinham 41,96% de sua capacidade - a média em janeiro de 2013 era de 37,46%. A mesma situação é verificada no Nordeste, com reservatórios 39,26% cheios, enquanto em janeiro passado a média era de 32,86%.
Aí você pode estar se perguntando se nossos reservatórios estão cheios não é um fator positivo?! Nem tanto! O excesso, já dizia minha saudosa mãe não é bom em nada na vida. Os nossos reservatórios cheios garantem a geração de energia elétrica, no entanto o risco de falta de energia decorre do fato de, com o objetivo de poupar reservatórios de uma ou outra região do país, o SIN (Sistema Interligado Nacional) tem enviado grandes cargas de energia de um canto do país para o outro. No dia do recorde, por exemplo, as usinas da região Norte enviaram 3.916 MW para o Nordeste.
Uma falha pequena, uma árvore que derrubar uma torre neste caminho... Pronto! Desde 2012, o país mantém ligada boa parte das usinas térmicas com o objetivo de poupar os estoques de águas das hidrelétricas enquanto a “tenebrosa, vil e desnecessária” usina Belo Monte é construída. Do total gerado no dia do recorde, 14,2% vieram das térmicas convencionais, que excluem as usinas nucleares. As hidrelétricas foram responsáveis por mais de 82%.
Mas não esquecendo meus amigos ambientalistas, pois eu tenho muitos de carteirinha, que vivem das causas ambientais – vamos rezar para que o boom de turistas nas regiões ditas nobres do Brasil durante os jogos da Copa de 2014 não obrigue o feio e sujo Norte a sobrecarregar o SIN...
Também gostaria de entender, sem generalizar, porque os mesmos ambientalistas que são contra a construção da UHE Belo Monte não ficam hospedados em hotéis sem ar condicionado, não fazem suas refeições em restaurantes sem ar condicionado e não realizam reuniões em ambientes com ventiladores?! Ser a favor do meio ambiente para mim é isto, ter atitudes iguais a de meu filho, pois ele aprendeu em casa, na creche, nas escolas, nos discursos ambientais... Não seria uma questão de exemplo?!?!
Mas, vou pedir para São Pedro dar uma maneirada nas chuvas aqui Norte para que os moradores do nobre e bonito Sudeste, é para esta região que vai mais de 60% da energia produzida no Brasil, não sofram. Ah, também é nesta localidade que residem os mesmos ambientalistas que são contra os empreendimentos energéticos que proporcionam os confortos que – a maioria, não abre mão!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O útero que sofre no Norte

O útero que sofre no Norte, título acima bem poderia ser: O sexo precoce provoca a morte! Para quem foi criada na região Norte brasileira, as altas taxas de câncer de útero nesta localidade que superam os casos na Índia - onde as mulheres mais morrem da doença em todo o mundo, não é novidade! Como poderia se diferente quando se cresce vendo crianças de 11 anos sendo mães, que aos 16 já tem até três filhos, não realizam exames preventivos e que trocam de parceiros muitas vezes ao longo de suas jovens vidas?!
Segundo informações do INCA – Instituto Nacional do Câncer e o Ministério da Saúde, o câncer do colo do útero está ligado ao HPV, vírus transmitido sexualmente. Parte das mulheres infectadas desenvolve lesões precursoras do câncer. Se forem tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos. Claro que isto não acontece no coração da Amazônia. É evidente que os dados sobre o câncer do colo do útero revelam "Brasis" muito diferentes. Sê no Norte, o país tem taxas de mortalidade semelhantes às da Índia e de Bangladesh, 12,4 mortes a cada 100 mil mulheres, no Sudeste elas fazem o mesmo país ficar próximo aos Estados Unidos, 2,7 mortes a cada 100 mil mulheres por ano.
No país, a taxa de mortalidade é 4,14 por 100 mil – ou 4,66 com correções para comparação internacional e 7,13 se ajustada de acordo com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Segundo especialistas, as taxas deste tipo específico de câncer, o do colo do útero, são o reflexo da falta de amparo. É o câncer da pobreza!! Só morre quem não tem acesso a ginecologista e a um bom laboratório de análise do Papanicolau. Moradores das localidades ribeirinhas dos estados dos Amazonas, Amapá, Maranhão, Amapá e do Acre vivenciam o que está nos relatórios, o tempo todo. Enquanto em Minas Gerais, as mineiras têm a taxa de mortalidade mais baixa pela doença no País. O Norte também detém o segundo lugar no índice de câncer de mama.
Para quem já visitou a região ou morou no Norte sabe-se que as comunidades ribeirinhas estão cheias de mulheres de meia idade que chegam aos hospitais nas cidades mais próximas já em estado terminal da doença, por falta de informação, prevenção e tratamento no tempo hábil. Estas nem são contabilizadas. E, também existem aquelas que vivem na cidade mesmo, mas por questões culturais e até religiosas não realizam exames preventivos.
Ao começar escrever este artigo recordei da morte de minha sogra Raimunda, a Mundinha. Eu e meus filhos não a conhecemos por conta do câncer de colo do útero. O que aconteceu com ela é um exemplo de que pouco ou quase nada foi feito para minimizar esta chaga na saúde. Mundinha morava em Rondônia, tinha um restaurante em um garimpo na região de Jacy-Paraná, conhecida hoje por conta da construção da usina Jirau – Complexo Hidrelétrico Rio Madeira. Ela teve uma infecção urinária e procurou atendimento no Hospital de Base, em Porto Velho. Na época, segundo meu marido recorda chegaram a fazer exame de raios-X do útero dela e neste exame foi possível ver uma ferida pequena no útero. Como era muito comum na década de 80 e ainda hoje entre muitas comunidades do Norte, conhecidos e familiares a aconselharam a
alguns chás, fazer alguns banhos íntimos com plantas regionais, enquanto tomava o antibiótico receitado pelo médico. Meses depois com dores intensas no útero ela retornou ao hospital e fizeram o exame Papanicolau. O diagnóstico do câncer em estágio avançado caiu como bomba na família de origem paraibana que migrara para a região Norte em busca de uma vida melhor. Minha sogra, que era viúva há quatro anos, viajou para Manaus para buscar auxilio de especialistas na doença, mas já era tarde demais. Mesmo assim ela ainda foi para o Sul, como última tentativa e também lá nada mais pode ser feito. Mundinha faleceu na frente dos três filhos pesando 38 quilos aos 42 anos. Uma morte que marcou para sempre meu marido, seus irmãos e toda família.
Muito triste ver que quase três décadas depois este ainda é um mal que mata mulheres na Região, mesmo que Rondônia não esteja entre as cidades com maior índice de câncer de colo do útero, a média são 5,59 mortes a cada 100 mil mulheres. Um número muito preocupante, pois 275 mil mulheres morrem todos os anos no mundo desta doença. Em 2011, foram mais 5.160 mães, filhas, irmãs, sogras, tias, avós que deixaram de conviver com os seus por um mal que poderia ser prevenido, curado e tratado quando diagnosticado na fase inicial.
Apesar dos números alarmantes, somente no ano passado começaram a aplicar a vacina contra o vírus HPV em Manaus. Acre e Amapá ainda não fornecem a vacina na rede pública e os programas de prevenção do Governo Federal, Estadual e Municipal ainda permanece inacessível a maior parte das vítimas que vivem distantes das cidades, ou quando perto delas distantes das informações básicas. Bom, seria interessante aproveitar o programa Bolsa Família, que certificou a miséria brasileira para orientar e salvar estas mesmas mulheres! Fica a dica!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Teremos cotas para viver no Brasil?!

Encerramos 2013 com a aprovação da cota que reserva 20% das vagas dos concursos públicos para indivíduos negros. Muito bom, né, igualdade para todos! Após um ano da lei de cotas sociais e raciais na rede federal de ensino superior é bem previsível que até o final de 2013 teremos mais algumas cotas por aí, e realmente como “negona” que sou começo a ficar envergonhada desta situação. A intenção foi maravilhosa, a lei de cotas tem a meta audaciosa de que até 2016 todas as universidades e institutos federais reservem 50% de todas as suas vagas por critério de cor, rede de ensino e renda familiar.
Eu realmente prefiro começar 2014 acreditando que as equipes que compõem o governo dos excluídos, das desigualdades sociais como o da presidente Dilma Roussef se autodenomina, tenham almejado o melhor para os brasileiros, não aquela ou esta raça! Até o momento o tiro tem sido no pé. Os números não metem como sabem bem os professores de Marketing e Administração, da disciplina de Mensuração de Resultados. Criar campanhas, programas é bem fácil, imaginando consequências e alcances e resultados... Agora tudo isto virar realidade, dar certo, é missão árdua e exige constantes correções e melhorias.
Analisemos só os dados fornecidos pelo Mistério da Educação e Cultura, responsável pelo Enem referente aos anos de 2012 e 2013. O número de candidatos do certame, que se autodeclaram pretos e pardos cresceu 29% entre a edição de 2012 e a de 2013. Foram inscritos 4.006.425 candidatos que se declararam pretos e pardos, quase um milhão de candidatos a mais que os 3.094.545 de inscritos em 2012, um crescimento acima da média de inscritos, de 24%.
No mesmo período, o crescimento no número de indígenas inscritos no Enem foi ainda maior, apesar de o grupo ainda representar uma minoria do total de candidatos. A evolução, segundo o balanço do MEC, foi de 30% (de 35.756 para 46.563). Os candidatos que se autodeclaram brancos eram 2.421.487 em 2012 e, neste ano, são 2.837.064, o que representa um crescimento de 17%.
Eu mesma ficaria indecisa na hora de fazer minha inscrição no Enem. Negra – meu cabelo é ondulado, apesar do nariz de bolinha. Parda?! A cor da minha pele é marrom – porque a denominação morena só se aplica a pessoas da pele branca com cabelos escuros. Cafuza, mistura de negro com índio, pois tenho bisavó índia e bisavó negra! Mulata?! Quem dera, a cor da minha pele é muito desbotada. Então fico imaginando como um adolescente de 16 anos consegue preencher uma ficha e definir sua raça, numa nação tão miscigenada como a nossa. E mais, principalmente aqui no Norte do Brasil, onde existem indígenas e nordestinos que descendem de portugueses, italianos, holandeses...
Quando minha filha fez sua inscrição no Enem pela primeira vez há dois anos ela disse que ia se declarar parda. A afirmação foi quase um pedido de socorro, tipo assim: é isso que sou?! Depois ela justificou que não concordava com o sistema de cotas porque não se considerava não inferior socialmente e racial assim. Bem por aí mesmo. Como muito bem afirmou o ator Morgan Freeman que interpretou Nelson Mandela no cinema. “Temos de parar de falar de negros e brancos. “Eu me considero um individuo pertencente à ração humana, nem branco, nem preto”!”.
As diferenças sociais existem no Brasil e não são novidades para ninguém. O desconhecimento é um fator preocupante. Por exemplo, o Instituto Castelo Branco, responsável pelas provas e cursos da carreira de Diplomata destina bolsas para afrodescendentes disputarem o certame há uma década! E aí?!
Cria-se o sistema de cotas sociais e raciais, de concursos públicos e ao mesmo tempo o governo distribui a vergonhosa Bolsa Família, que certificou a miséria. “Olha você jamais irá conseguir sair desse nível social. Você continuará tendo filhos e mais filhos sem poder criar, pois te daremos um auxílio para cada um que estiver “estudando” em nossas escolas públicas deficientes de material básico, de estrutura física... Mas quando você crescer se não for assassinado em uma favela, ou morrer de sede e fome, ou de doenças erradicadas às décadas no restante do mundo, você terá uma vaga garantida em uma universidade ou faculdade. Mas quando terminar este curso você irá descobrir que apenas o certificado superior debaixo no braço não será suficiente para conseguir um emprego digno ou com remuneração igual a dos políticos brasileiros, pois para isto temos um presidente eleito e “Doutor Honoris Causas” apenas com o ensino médico técnico ““...
Tudo isto já pode ser visto nos processos seletivos das universidades que adotaram o Enem como substituto do vestibular tradicional. Na Federal do Pará – a UFPA os candidatos descobriram no final do ano passado, que este negócio de cotas é uma faca de dois gumes bem afiados. Quem se inscreveu para o curso de Administração-Matutino, para uma das 64 vagas e optou pelas cotas vai enfrentar uma concorrência de 50.34 por vaga. Já os não-cotista: 21.38!!! O mesmo acontece para o curso de Direito-Matutino, dos 1.946 inscritos, os 1.902 cotistas enfrentam 60.67 candidatos por uma vaga, enquanto os 846 não cotista 47.00 pela mesma vaga.
E não está sendo diferente em nenhuma universidade federal. Ou seja, e agora senhora presidente?! Para solucionar esta equação teremos que investir em mais cotas, talvez agora cotas de nascimento, pois assim garantiremos que o mal seja cortado pela raiz...

Desejos para o ano do Cavalo - Gente de Opinião

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